Desenhista, pintor, antiquário e arquitetoitaliano, e, notadamente, mais lembrado como escultor, Antonio Canova, nasceu em Possagno a 1º de novembro de 1757 e morreu em Veneza a 13 de outubro de 1821, desenvolvendo uma carreira longa e produtiva. Seu estilo foi fortemente inspirado na arte da Grécia Antiga, suas obras foram comparadas por seus contemporâneos como a melhor produção da Antiguidade, e foi tido como o maior escultor europeu desde Bernini, sendo celebrado por toda parte.
Perdeu seu pai, Pietro Canova aos três anos. Um ano depois sua mãe casou-se com Francesco Sartori e o entregou aos cuidados de seu avô paterno Passino Canova, também escultor, e de sua tia Caterina Ceccato. Teve um meio-irmão das segundas núpcias de sua mãe, o abade Giovanni Battista Sartori, de quem se tornou amigo íntimo, e que foi seu secretário e executor testamentário.
Aparentemente seu avô foi o primeiro a notar seu talento, e assim que Canova segurou um lápis foi iniciado nos segredos do desenho. Sua juventude foi passada em estudos artísticos, mostrando desde cedo predileção pela escultura. Seus pendores para a escultura cedo se revelaram e aos 16 anos já recebia as primeiras encomendas. Até a morte gozou sempre de enorme prestígio nos meios aristocráticos, artísticos e intelectuais, sendo considerado o maior escultor de seu tempo.
Sua ida para Roma, a fim de que se aperfeiçoasse foi um importante passo para o seu grande progresso. Roma nessa época era o mais importante centro de peregrinação cultural da Europa e uma meta obrigatória para qualquer artista que aspirasse à fama.
E sua fama ultrapassou fronteiras. Napoleão convidou-o a ir a Paris, onde lhe foram encomendados um busto do imperador e estátuas de Maria Louise e da mãe de Napoleão. Mesmo tendo vivido numa época de transição tempestuosa entre duas eras, manteve-se alheio à política.
Grande observador das formas humanas, sensualidade contida e sublimada o charme de suas figuras femininas foram sempre motivo de admiração e chegou a ser chamado de o escultor de Vênus e das Graças, o que é justo apenas em parte, diante da força e virilidade da sua produção heroica e monumental.
Sua rotina era saudável e simples, mas uma doença crônica de estômago que permanece não identificada lhe causava dores severas em ataques que se sucederam ao longo de toda sua vida. Parece ter nutrido uma fé religiosa profunda e sincera. Não manteve uma vida social especialmente brilhante, embora fosse constantemente solicitado para frequentar os círculos de personalidades ilustres que o admiravam, mas era comum que recebesse amigos em sua própria casa após sua jornada de trabalho, à noite, quando se revelava um anfitrião de modos finos, inteligente, afável e caloroso. Segundo suas próprias palavras, suas esculturas eram a única prova de sua existência civil. Por duas ocasiões esteve perto de contrair matrimônio, mas permaneceu solteiro por toda a vida.
Também gostava de arte antiga, arqueologia e literatura clássica, mas de hábito, alguém lia para ele enquanto trabalhava.
Apreciava o sucesso de suas obras e era vivamente grato por isso, mas nunca evidenciou que um desejo de glória pessoal fosse seu objetivo primário, apesar de ter sido um dos artistas de seu tempo mais expostos aos perigos da celebridade, pois recebeu diversas condecorações e a proteção de muitos nobres importantes, foi ele mesmo nobilitado em vários Estados da Europa, incumbido de altos cargos públicos e incluído como membro em muitas academias de arte mesmo sem jamais tê-lo solicitado.
A pintura e a arquitetura foram atividades muito secundárias para Canova, mas ele não deixou de realizar alguns experimentos. Na última década do século XVIII começou a praticar a pintura como recreação privada, concluindo vinte e duas obras antes de 1800. São obras de escassa importância no conjunto de sua produção.
A produção completa de Canova é extensa e não pode ser abordada em detalhe aqui. De escultura de grande porte deixou mais de 50 bustos, 40 estátuas e mais de uma dúzia de grupos, sem falar nos monumentos fúnebres e nos inúmeros modelos em argila e gesso para obras definitivas que ainda sobrevivem, alguns dos quais nunca transferidos para o mármore, sendo assim peças únicas, e nas obras menores como as placas e medalhões em relevo, as pinturas e os desenhos.
Em Possagno foi criado um importante museu dedicado inteiramente à sua memória, o Museu Canoviano. O museu guarda um expressivo conjunto de suas esculturas e muitos de seus modelos para suas obras definitivas, além de pinturas, desenhos e aquarelas, esboços e projetos, ferramentas de escultura e vários outros itens, acervo que foi formado inicialmente com o espólio encontrado em seu atelier romano por ocasião de sua morte.
Canova foi muito imitado na Itália, atraiu inúmeros admiradores de várias partes da Europa e da América do Norte, entre eles Joseph Chinard, Antoine-Denis Chaudet, John Flaxman, John Gibson, Bertel Thorvaldsen e sir Richard Westmacott, foi avidamente colecionado na Inglaterra. Tornou-se, ainda, uma referência para todos os artistas acadêmicos do século XIX.
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Parabéns. Gostei muito do trabalho. Sou admirador da grande obra de Canova.
Peço licença para uma pequena observação: o Museu Hermitage fica em São Petersburgo.
Obrigada Almiro, pela visita. Agradeço muito os parabéns e a observação. Já fiz a revisão dos locais.
Grande abraço, Michèle