Pyotr Il’yitch Tchaikovsky e Johannes Brahms nasceram ambos a 7 de Maio, mas separados por sete anos. Brahms, o mais velho, nasceu em 1833, em Hamburgo, na Alemanha, enquanto Tchaikovsky nasceu em 1840 na cidade russa de Kamsko-Wotkinski Sawod, que, atualmente, tem o nome do compositor.
A data do nascimento e o importante papel que tiveram na história da música são as únicas semelhanças entre os dois homens.
O pai de Tchaikovsky era um engenheiro de minas ucraniano e a mãe, com ascendência francesa, tinha alguns conhecimentos de música. Foi com ela que Pyotr Il’yich aprendeu, aos cinco anos, as primeiras notas, num velho órgão mecânico que havia em sua casa. Aos oito, em São Petersburgo, teve as primeiras aulas teóricas de música, com diversos professores particulares.
Já o pai de Brahms era contrabaixista e ganhava a vida a tocar em bares e tabernas da cidade portuária de Hamburgo. Desde cedo percebeu os dotes musicais da sua criança. Aos sete anos, proporcionou-lhe as primeiras aulas de música com conhecidos professores. Aos 10, Johannes deu o primeiro concerto, numa altura em que já atuava nas tabernas ao lado do pai.
“Não havia nada que os unisse. As suas personalidades eram completamente diferentes. A sua música era totalmente diferente. São quase antagônicos: Tchaikovsky era um homem do Romantismo, Brahms era Neo-clássico”, sublinha o maestro António Vitorino d’Almeida.
“Tchaikovsky era explosivo no que diz respeito às emoções, enquanto Brahms preferia contê-las. O alemão era mais frio, mais clássico, e o russo, numa visão quase freudiana, podemos dizer que sublimava os vícios através da música”, explica Vitorino d’Almeida, que refere que Tchaikovsky teria mesmo algumas perturbações psíquicas. Já Brahms era mais regrado, apesar de ter tido “uma infância muito complicada, em zonas de prostituição de Hamburgo”.
Os dois conheceram-se no início do ano de 1888. Até aí, os comentários de Tchaikovsky à obra de Brahms não eram, de todo, agradáveis: em declarações aos jornais da época classificava-o como um “compositor medíocre” que dificilmente deixaria um legado importante para a história da música alemã.
A sua opinião mudou depois do encontro entre os dois, em casa do violinista Adolph Brodsky, e que ficou registado no diário da mulher do anfitrião, Anna Brodsky, e é citado pela organização “Tchaikovsky Research”, que junta vários estudiosos da obra e vida do compositor.
Tchaikovsky acabou por aceitar o convite para entrar na sala onde Brahms ensaiava, perguntando se não o incomodava. Este respondeu que não, mas questionou se queria mesmo “ficar ali a ouvir algo que não era interessante”. Mais tarde o compositor russo disse a Anna Brodsky que a personalidade de Brahms o tinha impressionado, mas que não tinha gostado da música. Quando Brahms parou de tocar, o silêncio imperou na sala. Só foi quebrado com a entrada na sala de outro compositor: Edvard Grieg.
Depois deste encontro, em Outubro de 1888, numa carta enviada ao Grão-Duque Constantino Constantinovich, Tchaikovsky já se referia à música de Brahms como sendo “de uma pureza nobre”.
Brahms morreu em 3 de Abril de 1897, em Viena. Tchaikovsky tinha morrido antes, em 6 de Novembro de 1893, em São Petersburgo.
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Sinfonias
As sinfonias mais antigas de Tchaikovsky são normalmente trabalhos alegres de caráter nacionalista, enquanto as últimas tratam do destino, perturbação e, em especial a Patética, desespero. As três últimas de suas sinfonias numeradas (quarta, quinta e sexta) são consideradas obras-primas e são freqüentemente executadas. n.º 1 em sol menor, Op. 13, “Sonhos de um dia de Inverno”
- n.º 2 em dó menor, Op. 17, “Pequeno Russo”
- n.º 3 em ré maior, Op. 29, Polonesa
- No. 4 em fá menor, Op. 36
- Sinfonia Manfredo, si menor, Op. 58. Baseada no poema dramático Manfredo, de (Lorde Byron).
- n.º 5 em mi menor, Op. 64
- n.º 6 em si menor, Op. 74, Patética – Ao contrário da maioria das sinfonias clássicas, que possuem 4 movimentos, esta possui cinco, sendo que o último, com ritmos poloneses, motivou o público a chamá-la de “A Polonesa“.
- Existe ainda uma “Sétima Sinfonia” que é uma compilação de temas musicais descartados pelo compositor e reunidos após a sua morte pelo compositor soviético Semyon Bogatyrev e lançada como “Sinfonia Nº 7 em Mi Bemol Maior”.
Tchaikovsky também escreveu quatro suítes para orquestra entre a Quarta e a Quinta Sinfonias. Ele pretendia chamar uma ou mais delas de “sinfonias”, mas foi convencido a mudar os títulos.
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Concertos
- Dos seus três concertos para piano, é o No.1 em Si Bemol Menor, Op. 23, que é o mais conhecido e admirado. Ele foi inicialmente rejeitado pelo pianista Nikolai Grigorievitch Rubinstein, como mal-escrito e impossível de ser tocado, e depois estreado por Hans von Bülow (que ficou encantado em tocar uma peça dessa qualidade) em Boston, 1875. Van Cliburn, um norte-americano, conquistou a primeira Competição Internacional Tchaikovsky com esta obra deixando os cidadãos russos atordoados, pois esse prêmio havia sido criado para celebrar a Rússia e os russos.’
- Seu Concerto para Violino em Ré Maior, Op. 35, foi composto em menos de um mês, entre maio e abril de 1878, mas sua primeira execução ocorreu apenas em 1881 porque Leopold Auer, o violinista para quem Tchaikovsky pretendia dedicar a obra, se recusou a tocá-la. Este concerto é considerado um dos melhores já feitos para o instrumento e é muitas vezes executado hoje em dia.
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O chamado “Terceiro Concerto para Piano em mi bemol maior”, Op. 75, tem uma história curiosa. Ele foi iniciado após a Quinta, e deveria ser a próxima sinfonia, ou seja, a Sexta. No entanto Tchaikovsky abandonou essa obra e concentrou seus esforços naquela que hoje nós conhecemos como a Sexta Sinfonia, um trabalho totalmente diferente (a Patética). Após a morte de Tchaikovsky o compositor Sergei Taneyev trabalhou a sinfonia abandonada, adicionou uma parte em piano, e a lançou como o “Terceiro Concerto para Piano de Tchaikovsky”.
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