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Archive for the ‘Edson Marques – Mude’ Category

Mude_Clarice Lispector

MUDE

Edson Marques*

MUDE.
Mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira,
no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair,
procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas, calmamente,
observando com atenção
os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os teus sapatos velhos.
Procure andar descalça alguns dias.
Tire uma tarde inteira
para passear livremente no campo,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama…
depois, procure dormir em outras camas da casa.
Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais…
leia outros livros,
viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia
numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos,
escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia.
o novo lado, o novo método,
o novo sabor, o novo jeito,
o novo prazer, o novo amor.
a nova vida.
Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado…
outra marca de sabonete,
outro creme dental…
tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais,
de modos diferentes.
Troque de bolsa,
de carteira,
de malas,
troque de carro,
compre novos óculos,
escreva versos e poesias.
Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas,
outros cabeleireiros,
outros teatros,
visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light,
mais prazeroso,
mais digno,
mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre,
invente-as.
Seja criativa.
Grite o mais alto que puder no espaço vazio.
Deixem pensar que você está louca.
Aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já conhecidas,
mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento,
o dinamismo,
a energia.
A positividade que você esta sentindo agora.
Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!!!!

*Notas sobre a autoria:


1) – Wikipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Edson_Marques

Edson Marques, formado em Filosofia pela USP, é um escritor e poeta brasileiro. Participou da fundação da Ordem Nacional dos Escritores.

Obras: entre outras: “Mude”, 91 páginas, Ed. Original, 2006, SP.

2) – Blog do autor: http://mude.blogspot.com/

3) – Observatório da imprensa: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=282AZL004

Terça-feira, 15 de fevereiro de 2011- ISSN 1519-7670 – Ano 15 – nº 282 – 22/6/2004

Armazém Literário

AUTORIA NA NET
De quem é o poema “de Clarice”?

Por Alexandre Cruz Almeida em 22/6/2004

“…Em 2001, a agência publicitária Leo Burnett criou uma campanha para comemorar os 25 anos da Fiat no Brasil. Um dos pontos altos do comercial era um belíssimo poema sendo narrado em off. Em release divulgado pela agência, o poema é atribuído à Clarice Lispector. Uma matéria no Estado de S.Paulo chegava a dizer: “O publicitário Alexandre Skaff mergulhou na obra de Clarice Lispector e achou inspiração nos versos de ‘Mude’ para criar o filme de 25 anos da Fiat”.

Entretanto, o poema “Mude”, de larga circulação na internet, já foi atribuído, além de Clarice, também a Paulo Coelho e a Cecília Meireles. Paulo Coelho, com integridade, elogiou o poema mas não o reconheceu como seu. Cecília e Clarice, falecidas, não tiveram chance de fazer o mesmo.

O poeta Edson Marques afirma ser o autor do poema, registrado por ele na Biblioteca Nacional. Além disso, “Mude” também já foi interpretada por Antonio Abujamra, na peça Mefistófeles, e por Pedro Bial, no CD Filtro Solar, da Sony Music, sempre creditada a Edson Marques. Matéria da Veja, de julho de 2003, também cita a poesia “Mude” como sendo de Edson, apesar de comumente atribuída a Clarice…”

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